quarta-feira, 11 de maio de 2011

Ninguém como Ela


(Pintura de Almada Negreiros - Foto retirada da internet)

O ponteiro do relógio ia percorrendo o seu caminho, ao seu ritmo lento e contínuo, sem nunca olhar para trás, sem nunca parar. No entanto para ele aquele ponteiro como que ficara preso no mesmo sítio, teimando em não avançar. A sua impaciência começava a aumentar à medida que o tempo demorava cada vez mais a passar. Apesar de ele saber que isso era fisicamente impossível tinha a sensação que algum mecanismo omnipotente que contra si conspirava e que impedia o avançar do tempo.

Respirou fundo e olhou para além da minúscula janela arredondada que tinha ao seu lado ficando a admirar a imensidão azul e branco daquele céu. Por momentos teve a breve ilusão de que poderia abrir aquela janela hermética, esticar o seu braço e agarrar aquele branco, aquela nuvem, qual criança a lambuzar-se em algodão doce. Mas tal não era possível. Decidiu chamar a hospedeira de bordo e pedir-lhe um chá. Precisava de se acalmar, de acabar com aquela ansiedade. 

Quando a hospedeira lhe trouxe o chá preguntou-lhe:

- Quanto tempo falta para a aterrágem? 
- Cerca de 1 hora. - respondeu ela

Uma hora....Apenas uma hora....Um total de 60 minutos..... e parecia uma eternidade. 

Lentamente foi bebendo o chá. Quando terminou, encostou a cabeça para trás, fechou os olhos. Há quase 1 ano que não a via, mas nem por isso deixava de ver, mesmo de olhos fechados o seu rosto, com um pormenor impressionante.

Ela tinha um papel fundamental na sua vida. 
Ela estivera presente quando o seu filho nasceu.
Ela esteve no seu casamento.
Ela assistiu à sua formatura.
Ela o incentivou a estudar mesmo quando a ele não lhe apetecia.
Ela ouvia sempre os seus problemas.Ela lhe dava coragem para os ultrapassar.
Ela tinha sempre uma palavra amiga, uma palavra de conforto.
Ela sempre o acarinhava.
Ela sempre o beijara carinhosamente
Ela sempre o protegera.
Ela sempre cuidara das suas feridas.
Ela sempre o defendera.
Ela nunca o esquecia.
Ela o amava do fundo do seu coração.

Ouviu o Comandante do vôo dizer que iam aterrar. O seu coração saltou. As rodas do avião tocaram na pista. O avião abrandou e passado uns minutos imobilizou-se na pista.

O seu coração quase que saltava do peito. Esforçõu-se por sair rapidamente do avião e percorrer o espaço que faltava até à saída do aeroporto onde poderia chegar junto dela. Ao cruzar as portas que davam acesso ao atrio do aeroporto onde as pessoas vinham aguardar pelos seus familiares e amigos, parou. Nesse momento olhou à sua volta à procula dela, quando de repente a viu.

Dirigiu-se para ela num passo rápido, tão rápido quanto conseguia e ao chegar junto dela abraçou-a longamente, sentindo uma lágrima descer furtivamente pelo seu rosto. Não, não estava triste. Muito pelo contrário, estava muito feliz, pois há já muito tempo que não estava perto dela.

Ela era a sua ..... MÃE !!!


Participação no tema de Maio/2011 ("Mãe") da Fábrica de Letras.


ESCLARECIMENTO: Confesso que não sei o que raio se passou ontem e hoje que o Blogger esteve inacessível. Algo de muito esquisito aconteceu na plataforma do blogger e detectei agora que os comentários desta mensagem e de outra desapareceram. Será uma ditadura informática??? Não sei. Apenas prometo repor os comentários que me apercebi terem desaparecido e as minhas muito sinceras desculpas, apesar de não ter sido eu o responsável. Mais uma vez as minhas desculpas!

16 comentários:

chica disse...

Puxa, ficou linda e emocionante tua participação.

Adorei! um abraço e tudo de bom,chica

Eva Gonçalves disse...

:))! Gostei imenso da forma como pegaste no tema...quase que sentia a ansiedade de voltar a ver a mãe... muito bom mesmo! Beijinho

soninha disse...

Perfito o teu texto,parabéns.abçs e muita paz.

Mayara Floss disse...

"Ninguém como ela" nada como o amor de mãe, mas ainda tanto quanto é o amor do filho pela mãe.

www.entre-primos.blogspot.com

IM disse...

Excelente participação no tema.
É sempre emocionante ler sobre esse amor inesgotável entre mãe e filho, principalmente quando é reciproco.

João Roque disse...

Venho retribuir a visita e voltarei com mais tempo, quando regressar a Portugal.
Abraço.

Briseis disse...

Seu maroto... Fizeste de propósito para criar a ambiguidade de não termos a certeza se seria uma mãe ou uma namorada. Foi uma boa forma de elogiar o amor de mãe, que é tantas vezes considerado menor. Estiveste muito bem!

Utópico disse...

Comentário de Eva Gonçalves:

":))! Gostei imenso da forma como pegaste no tema...quase que sentia a ansiedade de voltar a ver a mãe... muito bom mesmo! Beijinho"

Utópico disse...

Eva,

obrigado pelo comentário.

Utópico disse...

Comentário de Chica:

"Puxa, ficou linda e emocionante tua participação.

Adorei! um abraço e tudo de bom,chica"

Utópico disse...

Comentário de Soninha:

"Perfito o teu texto,parabéns.abçs e muita paz. "

Utópico disse...

Comentário de Primos:

""Ninguém como ela" nada como o amor de mãe, mas ainda tanto quanto é o amor do filho pela mãe.

www.entre-primos.blogspot.com "

Utópico disse...

Comentário de Suspiros:

"Excelente participação no tema.
É sempre emocionante ler sobre esse amor inesgotável entre mãe e filho, principalmente quando é reciproco."

Utópico disse...

Comentário de Pinguim:

"Venho retribuir a visita e voltarei com mais tempo, quando regressar a Portugal.
Abraço."

Utópico disse...

Comentário de Briseis:

"Seu maroto... Fizeste de propósito para criar a ambiguidade de não termos a certeza se seria uma mãe ou uma namorada. Foi uma boa forma de elogiar o amor de mãe, que é tantas vezes considerado menor. Estiveste muito bem!"

Utópico disse...

Obrigado a todos pelos vossos comentários, e mais uma vez peço desculpa pelo seu desaparecimento no qual não tive responsabilidade.

Esta foi a única forma que encontrei de os repor.

Briseis,

peço desculpa por ter sido maroto, mas o objectivo era mesmo esse, só se saber no fim.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...