sexta-feira, 19 de outubro de 2012

País à deriva.


Portugal é hoje aquilo que se pode chamar de um país à deriva, não só porque vive uma das maiores crises que já alguma vez atravessou, mas acima de tudo porque não existe qualquer estratégia para a ultrapassar, porque não se vislumbra um rumo, por muito difícil que este possa ser, que venha a resolver o problema e valha a pena suportar os sacrifícios que são impostos.

Pode-se dizer que Portugal é vítima da democracia, pois se em teoria este é o sistema político mais perfeito, que melhor permite a participação de todos e um regime igualitário, a democracia pode assumir contornos de ditadura quando o que está em causa é a manutenção do Status Quo apenas de alguns. 

Portugal é hoje o reflexo de 38 anos de democracia que privilegiou a manutenção do Status Quo dos detentores do poder, seja ele político, económico ou social, em detrimento do bem estar na Nação e da sua população de uma forma geral.

O mais recente exemplo disto é o que se passa com o atual governo de Pedro Passos Coelho e com o Presidente Cavaco Silva. 

Portugal tem vivido um forte período de austeridade, austeridade essa que será ainda agravada em 2013 a ver pelo Orçamento de Estado apresentado para 2013 (OE2013). É certo que o país tem que proceder a um ajustamento e que tal implica a realização de sacrifícios. No entanto apesar do memorando de entendimento prever que o ajustamento do défice seja concretizado em 2/3 pela redução da despesa e em 1/3 pelo aumento dos impostos, percebe-se pelo OE2013 que a parte significativa do ajustamento resulta do "enorme" aumento de impostos, tal como foi classificado pelo Ministro das Finanças.

Tendo recentemente, e já depois de ter sido apresentado o OE2013, a Diretora geral do FMI (Christine Lagarde) assumir publicamente que o FMI se tinha enganado quanto ao efeito que a austeridade poderia ter nas economias sujeitas a programas de ajustamento, e que este seria superior ao inicialmente previsto, impunha-se que num pais que colocasse em primeiro os interesses da Nação existisse uma ação concertada do Governo e do Presidente da República.

Um Presidente que depois da manifestação de 15 de setembro aquando do anúncio do aumento da TSU convocou o Conselho de Estado, impunha-se agora que fizesse o mesmo em vez de vir fazer declarações tontas no FACEBOOK. Ouvido o Conselho de Estado competiria ao Presidente convocar reuniões de urgência com o Governo e o líder da oposição de forma a concertar posições e estratégias.

Posteriormente impunha-se assim convocar reuniões de urgência, e ao mais alto nível, não com os "técnicos" da troika, mas sim com os dirigentes da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI no sentido de ajustar o programa de ajustamento, alargando os prazos e renegociando as taxas de juro a pagar, de forma a permitir aliviar a austeridade imposta e promover o crescimento da economia.

Note-se que me referi a aliviar e não a terminar com a austeridade, diminuindo assim os efeitos que esta tem sobre a economia de forma a incentivar o seu crescimento, até porque ao existir crescimento da economia, i.e., aumentando o PIB, mais facilmente se consegue atingir as metas de redução do défice, na medida em que este é definido em função deste.

Este seria o comportamento esperado de políticos sérios e competentes, que colocassem acima de tudo os interesses da Nação e dos portugueses.

Mas não foi a isto que assistimos. Nos últimos tempos apenas assistimos a um jogo de interesses e de aparências, onde se empurram as culpas duns para os outros e onde a preocupação com as redes sociais é mais importantes que a união de esforços.

Portugal está assim à deriva, ao ser governado por um conjunto de incompetentes que coloca o seu STATUS QUO acima da NAÇÃO, e está ferido de morte pela democracia, pois se muitos poderiam clamar por eleições, substituindo assim quem governa, a questão que se impõe é saber até que ponto quem fosse eleito para governar iria colocar a NAÇÃO acima do STATUS QUO.

Olhando para a atual classe política portuguesa facilmente se chega à conclusão que não existirá ninguém, qualquer que seja o partido, que tivesse vontade de ROMPER o STATUS QUO, pelo que assim não há nenhuma democracia que salvaguarde os interesses da NAÇÃO

Portugal está assim à deriva, e muito dificilmente sairá dela.





2 comentários:

A. João Soares disse...

E é pena que não seja dado um rumo certo ao País.

A desorientação é o custo de termos um «povo sereno» que tudo consente sem reclamar de forma eficaz. E, no momento de votar, vota em pessoas de que nada sabe. Pessoa consciente não vota numa lista de que não conhece os seus componentes.

Todos os comportamentos dos políticos, salvo eventuais excepções, mostram que entram nestas aventuras sem a preparação mais conveniente e apenas com o objectivo do enriquecimento rápido por qualquer forma.

E, quando o mar bate na rocha quem sofre é o mexilhão, neste caso os cidadãos mais carentes e menos protegidos.

Abraço
João

Anónimo disse...

E a posição de PPC hoje, em Bruxelas, já roça mesmo a traição ao país.

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